quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Audiência Pública na Câmara de SFI debate Transporte Público


Com a finalidade de melhorar o transporte público no município, detectar problemas e planejar soluções, empresas de ônibus, topiqueiros, taxistas, Entransfi, representantes de entidades, representantes do Governo Municipal, vereadores e o público participaram da primeira Audiência Pública para debater o transporte público em São Francisco de Itabapoana.

O Blog temia a possibilidade de a audiência pública se transformar em uma disputa de interesses das diversas classes envolvidas. Não bastassem os problemas que os usuários enfrentam com o transporte no município, o tema passa também pela necessidade de que taxistas, topiqueiros e empresários dos ônibus se entendam e não fiquem em um ringue, enquanto a população espera por uma melhora na qualidade do serviço. Algumas divergências entre as categorias foram apontadas, e o que temíamos chegou a se desenhar, entretanto a fala de representantes de associações de moradores e alguns usuários foi fundamental para não se perder o foco no usuário, que é o grande penalizado.

A dinâmica do evento começou com a fala dos convidados, entre eles o presidente da Entransfi, Coronel José Amiltom Barreto da Silva, o Presidente do Sindicato dos Taxistas de Campos, Marcelo Vivório, o gerente de operações em transporte da Auto Viação 1001, Cássio Santana, o empresário proprietário da Viação São Francisco, Gilson Menezes, o secretário municipal de Transporte Renato Barreto, o economista Joilson Melo e o Agente de Fiscalização do Detro-RJ, Indalercio Mangueira. Na sequência falaram as pessoas inscritas e por fim os vereadores e o vice prefeito Amaro Barros fizeram as considerações finais.

Um dos primeiros temas abordados foi o transporte de vans legalizadas no município, cuja regulamentação é provisória, tendo a necessidade de uma licitação das linhas para concessão pública. Para o Coronel Amilton, com as exigências e complexidades que envolvem uma licitação de vans, a maioria dos topiqueiros, que atualmente detém as concessões, ficaria inviabilizada de participar, e fatalmente viriam empresas de fora. “Enquanto nós pudermos resolver essa questão por nossos próprios recursos acho interessante”, disse. Segundo Amilton, as leis estão satisfatórias, e o que a Entransfi irá fazer é intensificar a exigência para que seja cumprido o que está no decreto regulatório, ou seja, itinerários e horários. “Estamos com um plano para cobrar dos topiqueiros e da empresa de ônibus o cumprimento de algumas linhas como Retiro, Alegria dos Anjos , Nova Belém e outras”, pontuou Coronel Amilton.

Em sua fala os representantes dos taxistas, Marcelo Vivório, pontuou uma demanda da categoria que é a regulamentação dos táxis de sete lugares em São Francisco de Itabapoana. “Alguém há de afirmar que tem taxista rodando irregular ou utilizando a permissão apenas para comprar carro com desconto, aí cabe ao município fiscalizar”, disse.

O proprietário da Viação São Francisco, Gilson Menezes, reconheceu que o serviço prestado por sua empresa não atende à necessidade da população, em função do que ele chamou de “uma concorrência desleal com o transporte clandestino, que vai entrando gradativamente e depois ganha corpo”. A empresa detém as linhas ao Norte de São Francisco de Itabapoana desde de 1998, quando venceu uma licitação.

O secretário de Transporte, Renato Barreto, disse que é hora de haver um consenso entre Executivo, Legislativo, empresas de ônibus e representantes do transporte alternativo. Para Renato a briga vem de muito tempo, e quem sempre pagou a conta foi o povo.

O diretor da Viação 1001, Cássio Santana, intitulou a linha intermunicipal de São Francisco a Campos como “social”. “Gostaríamos de melhorar essas linhas que assumimos da São Joaquim, mas consideramos essa linha social, pois não traz nenhuma lucratividade, e nós por obrigação temos que operar”, disse Cássio.
  
Participando como consultor, o economista Joilson Melo lembrou que recentemente a Alerj – Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, promoveu uma audiência pública que tratou dos serviços prestados pela concessionária de transporte coletivo Auto Viação 1001, campeã em reclamação dos usuários do Estado do Rio de Janeiro. E que no encontro foi anunciado que até o fim do ano acontecerão licitações em diversas linhas dentro do Estado. “A hora é agora de São Francisco de Itabapoana cobrar para que haja novas licitações para a linha São Francisco a Campos”, disse.

A audiência pública foi enriquecida com a participação de 11 pessoas da platéia. Alguns taxistas, outros topiqueiros e alguns usuários. Representando os topiqueiros legalizados em São Francisco de Itabapoa, Cris Estevam se comprometeu a atender a um plano que a Entransfi irá colocar em prática de atender a algumas comunidades que estão compreendidas na legislação em vigor do transporte alternativo municipal, mas que estão sem transporte, como Campo Novo e Nova Belém. Aliás esta última esteve representada pelo presidente da Associação do Carrapato, Alaido Gomes, que cobrou uma solução para o transporte de sua comunidade. Como presidente do Sindicato dos Servidores, Cirábio Ramos também manifestou a sua preocupação com a classe que representa. “Infelizmente nós temos companheiros filiados ao sindicato, principalmente professores, que quase desistiram da vaga pelos problemas do transporte público para chegarem ao trabalho”, revela.

O taxista Rodrigo Freitas endossou as palavras de Marcelo Vivório, no que se refere à aprovação de um dispositivo legal que regulamente o táxi de 7 lugares, como o Doblô. O topiqueiro Alexandre Rosalvo abordou a necessidade de fiscalização para que as vans da linha de Campos a São Francisco não levem os passageiros até Santa Clara, e sim que os entreguem aos topiqueiros que fazem a linha municipal para Santa Clara.


Na opinião de Cristiane de Azevedo, se as vans legalizadas e ilegais pararem hoje, a cidade para também, já que os ônibus não suprem sozinhos a necessidade do município. “Pra se ter uma ideia, alguns médicos atendem aqui em São Francisco até as 20 horas, e aí nós não podemos marcar uma consulta à noite, pois não tem transporte nesse horário. Isso em Santa Clara, que é perto; você imagina a situação de comunidades mais distantes”, opinou Cristiane. Por falar em locais distantes, compareceu à Audiência dois moradores da região do Assentamento Tipity, no extremo Norte do município, Vera Lúcia de Almeida e Guilherme do Carmo, ambos universitários. Segundo eles não há nenhum tipo de transporte público na região da Tipity, Máquina, Lagoa Feia e Morro do Bode. Eles aproveitaram a oportunidade e reivindicaram duas questões: o transporte universitário para a região de Tipity e uma ambulância para a comunidade.


A carioca Neide Lopes, frequentadora de São Francisco de Itabapoana e proprietária de uma casa na cidade, contou que é grande a quantidade de carona que dá em seu carro particular. “Ontem mesmo havia um casal de idosos querendo se deslocar de Volta Redonda até São Francisco. Eles viriam a pé, mas nós oferecemos uma carona”, conta. Já a moradora de Gargaú Osana conclamou para que o que foi debatido saia do papel. Na sua visão, o bom senso deve imperar nas relações entre topiqueiros, ônibus e táxis. Já Jorge Lucio Ferreira fez críticas a alguns topiqueiros que preferem “comer o filé, mas na hora de roer o osso ninguém quer”, se referindo a comunidades longínquas, que não contam com van, como Lagoa Feia, Vilão, Morro do Bode e outras.

O que lamentamos foi a ausência de um diretor do Detro-RJ, que é o órgão que concede e fiscaliza as linhas intermunicipais. Como agente de fiscalização, Indalercio Mangueira falou apenas sobre a fiscalização, o que não atendeu as expectativas. O Blog deixa o questionamento: Porque a demora em se legalizar o transporte alternativo da linha São Francisco a Campos?

O vice prefeito Amaro Barros esteve representando o Poder Executivo. Ao final da Audiência Pública os vereadores se comprometeram em se unirem à Comissão de Obras e Serviços Públicos, que dará seguimento ao que foi debatido, e discutirá soluções com todos os setores envolvidos no transporte Público.  Compareceram à Audiência o presidente da Câmara, vereador Claudinho Viana, e os vereadores Marcelo Garcia, Yara Cinthia, Patrícia Cherene, Pachola, Alexandre Barrão, Caboclo, Marquinho de Santo Amaro,  Jamilton Chaô, Fabinho do Estaleiro e Raliston Souza. Por problemas de saúde, não compareceram José Cherene e Renato de Buena.  O Blog parabeniza à Câmara de São Francisco de Itabapoana pela Audiência Pública.


Reportagem e fotos: Vinícius Berto

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